A diferença entre defender uma ideia e agir na defensiva

Promovendo mudanças

Quando o foco de atuação do coach é o mundo empresarial, não raro o que o coachee busca é ajuda para promover mudanças em seu perfil comportamental de forma a se ajustar melhor na posição de líder, seja porque entendeu que é um passo necessário para ter sucesso na posição, seja porque a empresa sinalizou que ele precisa se adequar.

Uma questão comportamental que pode inviabilizar a escalada do executivo na empresa é o fato de ele apresentar um perfil defensivo – e, na maior parte dos casos, de forma inconsciente. Há uma linha tênue que separa as posições de defesa e defensivismo, ou, falando de perfis profissionais, que separa quem tenta defender suas ideias daquele que age sempre na defensiva.

Achamos relevante tratar deste tema aqui nesta área do blog dirigida aos profissionais porque é muito possível que você, como coach, venha a trabalhar com um coachee que precise de suporte neste sentido, que precise de ajuda para enxergar a diferença entre essas duas formas de encarar os obstáculos que surgem na rotina profissional e aprender como buscar o equilíbrio.

O impacto da polarização de opiniões

Hoje em dia, essa questão da polarização das opiniões é fortíssima. O script diz que é preciso optar por um lado e defendê-lo da forma mais assertiva possível. Escolher algo é sinônimo de rejeitar completamente a outra opção. Dialogar e ouvir opiniões contrárias? Jamais!

Agir na defensiva no ambiente profissional é exatamente isso: é quando, em uma reunião, o profissional só escuta a si mesmo, não ouve mais ninguém que pense de forma contrária, não se abre a sugestões que podem levar a um novo caminho, não dá espaço ao diálogo e não trabalha bem com críticas. É completamente diferente de defender um ponto de vista com informações e argumentos, de entender que o apontamento feito por um colega pode indicar uma fragilidade na forma como o plano estava sendo pensado até então ou então que o feedback recebido é procedente e, melhor ainda, pode gerar novas oportunidades.

A consequência de agir sempre na defensiva? Passar a impressão de ser um profissional arrogante, vaidoso, que quer ter sempre a razão e que não valoriza o diálogo. Identificar este perfil é um passo importante. Sozinho, nem sempre é possível. Mas o olhar treinado do coach pode ser importante no diagnóstico deste comportamento e no exercício de identificação da tal linha tênue que separa ego de humildade, impulsividade de equilíbrio.

Escala de defensividade

Trabalhar com seu coachee a Escala de Defensividade pode ser um caminho interessante. É importante que ele perceba que a questão é relevante, tanto que os especialistas se debruçam sobre ele, e que a boa notícia é que ele pode não apenas identificar em que estágio da Escala se encontra, mas também definir quais as mudanças de atitude necessárias para que evolua nas classificações. Em muitos casos, conhecer essa ferramenta é um “choque de realidade” para o coachee, que até então achava que a questão era apenas conceitual. Ao conhecê-la, percebe que é real, que é uma questão prático e que demanda um plano de ação rumo à mudança desejada ou necessária.

A Escala de Defensividade lista comportamentos que vão de 0 a -10, sendo 0 o estágio menos crítico (“sente curiosidade sobre o que precisa mudar e aprender”) e -10 o mais crítico (“embora concorde com as ideias das pessoas, torce para que não dêem resultados positivos”), passando por estágios em que se verifica atitude intimidadora e empáfia ao ouvir comentários dos outros em relação ao seu desempenho.

Que tal ajudar seu coachee a procurar os gatilhos que o levam a agir desta forma em situações de desconforto, que são tão frequentes no mundo corporativo (e na vida!)? Por exemplo, por que reage de forma impulsiva quando se nega a ouvir contribuições de colegas? Ou ainda: de onde vem a necessidade de impor sua posição, no lugar de discutir um problema e eventualmente construir uma nova posição?

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